EDUCAÇÃO É A SOLUÇÃO PARA A VIOLÊNCIA


Sinceramente, não dá mais para suportar a guerra de incivilidade e brutalidade que acontece diuturnamente em qualquer cidade brasileira, independente do seu porte, grande ou pequeno. Isso não tem importância. A onda de violência é assustadora, gigantesca e, infelizmente, sempre crescente.

Alguns arrolam como prováveis causas a injusta distribuição da riqueza nacional, o estado de miséria absoluta de parcela significativa da população, o desmantelamento da instituição família, o tráfico e o consumo crescente de drogas, o desemprego estrutural e conjuntural na economia nacional, a carência da educação formal institucionalizada, dentre tantos e importantes motivos arrolados com uma frequência menor. Mas, e então, a que devemos mais fortemente responsabilizar por tanta e tão desenfreada onda de violência que assola o país e não para de acontecer, e sempre com maior volúpia.

 Não podemos, é verdade, estabelecer parâmetros tão simplistas para tentar explicar esse fenômeno que toma corpo nas nossas vidas e, pelo andar da carruagem, não conseguimos antever um final próximo para que tudo isso esteja de certa forma saneado e até certo ponto suportável, muito menos eleger um único motivo que venha justificar este cenário dantesco que ora observamos aqui no Brasil, onde todos os dias um número cada vez maior de ocorrências é estabelecido que já não somos mais tomados pela surpresa. Infelizmente, esse tipo de ocorrência não nos causa mais indignação. Tornou-se normal e até banal tomarmos conhecimento das ocorrências desta "guerra" que acontece todos os dias ao nosso redor cotidiano. Estamos sempre correndo o risco de sermos atingidos e/ou mortos por uma bala cognominada de "perdida". Não temos para quem apelar. Só a Deus. Infelizmente esse é o cenário de onde  habitamos e nos encontramos inseridos. Que país é este, meu Deus? 

Sinceramente, não conseguiremos entender esse cenário se não se realizar uma rápida e breve análise histórica da nossa formação social e crescimento econômico. Somos uma sociedade que traz no seu alforge a herança de ter sido, talvez, o último país a abolir a escravatura, remetendo a grande massa de escravos recém libertos, diretamente das senzalas para as favelas, sem nenhuma estrutura, tornando-os mão de obra disponível, desqualificada, barata e sem perspectiva. Trabalhava para se alimentar, sobreviver.  Desta forma, os antigos senhores enriqueciam mais e mais e cada vez mais concentravam riquezas e poder.

Foi proclamada a república, o processo de industrialização foi implementado e algumas outras necessárias mudanças foram realizadas. No entanto, o cenário sócio-político-econômico anterior praticamente não sofreu alteração. As poucas e pequenas alterações ocorridas tiveram sempre  a iniciativa   e o patrocínio da mesma elite que sempre esteve no poder político e econômico do país.  Continuou sendo praticado um tipo de escravidão diferente. Mais sutil e educado, se bem que mais perverso. O ex-proprietário de escravos não era mais o responsável por aquele ex-escravo. Este, agora tinha sua própria autonomia e dependeria somente do seu mísero e aviltante salário para sobreviver e ainda ficava devendo favor ao empregador por lhe permitir trabalhar e mantê-lo empregado.  

Vieram, posteriormente, o golpe militar de 1964 que perseguiu, torturou e matou, talvez, os melhores representantes de uma geração promissora, ao tempo em que formatava futuras gerações a partir da denominada "geração coca cola", geração essa avessa e desinteressada com o que estava a acontecer ou deixando de acontecer com a organização social, econômica e política do país. Período caracterizado como "... quero que você me aqueça neste inverno e que tudo mais vá pro inferno...". Juntando esse ideário político ideológico reforçado pela atuação da grande mídia nacional, configurou-se o cenário propício para formatar o cenário de letargia que recebemos como herança nos dias atuais, formado basicamente por pessoas que se negam ao  esforço, preferindo praticar o chamado "jeitinho brasileiro", querendo levar sempre vantagem em tudo, etc. Tudo isso fruto de uma cultura de privilégios e exclusivismos, do "...farinha pouca, meu pirão primeiro...", e o resto que se dane. Infelizmente tem sido dessa forma que nossa sociedade tem caminhado ao longo da sua história. Como querer que ela se comporte de forma diferente?

Engana-se, e muito, quem imagina ou chega mesmo a afirmar que o ser humano é assim mesmo ou coisa que o valha em todo e qualquer lugar. Está redondamente enganado mesmo ou melhor, está enganando-se. Via de regra, os seres humanos habitantes de outros países não se comportam dessa maneira. Cometem suas barbaridades, é certo porém, numa escala relativamente menor. Aqui no Brasil acontece uma verdadeira guerra surda e dissimulada tal o desinteresse da grande mídia em discutir essa problemática apesar do alto número de pessoas vitimadas e sacrificadas, principalmente pelo tráfico de drogas, combinado com a ingestão de álcool, que também é uma droga e a imprudência registrada dos motoristas ao volante dos veículos. Prefere-se expor as consequências para se obter maiores audiências a expor e discutir as causas dessa violência insana. Por quê será?

Dessa forma, o caos está configurado. A princípio, parece que não há solução. Nenhuma esperança. Contudo, nos parece haver sim possibilidade real de se estabelecer medidas capazes de provocar pequenas modificações no espectro da violência no Brasil e começar a melhorar os resultados até agora obtidos. Tem-se que realizar reflexão criteriosa quanto a rever políticas assumidas anteriormente que não auferiram resultados positivos, e voltar atrás. Por quê não?  Afinal, ninguém pode ter ido tão longe que não possa voltar atrás.

Observamos os esforços realizados pelos governantes com o intuito de melhorar o quadro  geral dos resultados das políticas públicas implementadas e estabelecer outras necessárias para incrementar mais ainda o desenvolvimento do país porém, nos parece carecer ainda de maior firmeza principalmente no sentido de não ferir suscetibilidades "adquiridas" por amplos setores políticos/econômicos/financeiros da elite nacional. Não dá para se continuar tentando fazer mágica sem o envolvimento e a participação efetiva da população.

O governo brasileiro foi legitimamente eleito pela maioria do povo brasileiro qualificado como eleitor. No entanto, é notório que tem governado para os mais favorecidos sócio-econômico-financeiro, como de praxe tem ocorrido no Brasil em todos os governos já realizados. Uns mais outros menos, mas todos têm procedido assim. Na atualidade, os recursos distribuídos a título de bolsa família não têm sido o bastante para garantir uma melhor qualidade de vida a ninguém. Além do que vicia o cidadão, como disse Luiz Gonzaga, o rei do baião. 

A educação que é o caminho para que se possa efetivamente dar um salto de qualidade na vida das pessoas não é, e nunca foi, colocada como uma política de prioridade nacional. É só observarmos a pífia participação deste setor no orçamento nacional, onde deveria constar com uma fatia de recursos bastante substancial e  com capacidade de promover um salto gigantesco no espectro educacional brasileiro. Ao invés disso, vemos a educação ser tratada com descaso, com participações orçamentárias insignificantes e até com valores decrescentes apresentados por comparações de um exercício para outro, tanto em valores absolutos quanto em valores relativos. Uma vergonha! 

Evidente está que o país tem solução. Temos que inverter a lógica predominante. Inverter a pirâmide, colocá-la de cabeça para baixo. Estabelecer políticas públicas que realmente beneficiem as classes menos favorecidas, não pela sorte mas, pelas inversões de prioridades que historicamente têm ocorrido no Brasil onde, via de regra, os melhores situados econômica e financeiramente são sempre lembrados nas decisões, ao contrário dos menos favorecidos que têm sido eternamente esquecidos.

Se não acontecer nada nesse sentido, não vai adiantar se colocar em funcionamento medidas paliativas como as até agora implementadas. Não adianta aumentar o número e o poder bélico dos aparatos policial militares atuando sem o mínimo de cidadania, sempre a postos e a serviço da defesa dos poderosos quando são pagos exatamente pelo povo. É necessário refletirmos qual a qualidade de vida na sociedade que desejamos construir a partir dessa nova atitude, ou seja, uma transformação voltada efetivamente para concretizar  os básicos anseios dos menos favorecidos.  Ademais, de há muito já passou da hora de o povo brasileiro se fazer presente nas discussões e decisões das políticas com real importância para a nação brasileira e seu povo.

É preciso votar com comprometimento entre o(a) eleitor(a) e o(a) eleito(a).

Um forte abraço. 














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