A dominação de humanos por outros humanos sempre existiu. Encontra-se documentada pela história da humanidade. Sempre foi efetivada tomando-se por base o uso da força física, utilizada pelo agente dominador da ocasião, durante muito tempo.
Com o transcorrer do tempo, o conceito de opinião pública foi tomando ares de importância nunca antes observado. O ser humano foi-se tornando menos grotesco, avesso à truculência, à injustiça e aos poucos foi-se civilizando. Assim sendo, por temer a reação da opinião pública, altera-se sobremaneira as avaliações quanto às ferramentas até então utilizadas para execução do processo de dominação. Inicia-se um período onde buscam-se sugestões que venham possibilitar aperfeiçoamento para as antigas maneiras utilizadas para execução do processo de dominação propriamente dito.
Decorrente desse período de muitas sugestões/avaliações, advém como consequência uma melhoria significativa, de início. Contudo, maior contundência é alcançada pelos efeitos gerados pelas ferramentas que deveriam ser utilizadas com base em novos conceitos com a finalidade de torná-las mais eficazes e eficientes que as anteriores. Com isso esperava-se processos de dominação. não tão rápidos porém, com maiores eficácia/eficiência e sem derramamento de sangue, frontalmente contrário aos métodos até então utilizados, onde quase sempre proporcionava como espólio o ódio, o rancor e o sentimento de vingança.
Desse período advém o que poderemos chamar de dominação ideológica, que é aquela dominação exercida eminentemente pela força da ideia. Esse tipo de dominação possui a capacidade de fazer com que o dominado pense e se comporte de maneira semelhante ao dominador. A partir de então faz-se necessário que se desenvolva e se melhore substancialmente a composição do elenco de métodos e meios que possuam capacidade de difusão das mais diversas ideias necessárias a provocar tal sentimento no contingente a ser dominado.
Assim sendo, em período histórico recente o mundo assistiu guerras e golpes militares, principalmente em países subdesenvolvidos. Durante o período em que perduraram os regimes fechados, sintomaticamente os setores que mais foram desenvolvidos foram o da comunicação e o financeiro, principalmente as telecomunicações e o crediário.
Aqui no Brasil, imediatamente após o golpe militar de 1964, o sistema de crédito financeiro foi amplamente fortalecido, o que fez com que toda a população brasileira pudesse acessá-lo e comprar com prazo a perder de vista, principalmente aparelhos de televisão. Tudo planejado. Possuía-se um aparelho de televisão e não uma geladeira, um bem com maior grau de utilidade. A televisão acabava de invadir os lares brasileiros. Era o que se desejava. No campo das telecomunicações, o poder público monopolizou o setor investindo muito na modernização, na ampliação e dinamização técnico/funcional, colocou em funcionamento o satélite intelsat com a finalidade de otimizar a velocidade e a qualidade das transmissões realizadas, principalmente nas novelas e no futebol.
Desta forma, as ideias necessárias para a efetiva dominação tinha um meio de comunicação fantástico para difusão do ideário capitalista dominador, a televisão. Dentro do lar de cada família brasileira encontrava-se presente esta máquina fantástica que escraviza a opinião pública nacional. É só analisar a programação de baixa qualidade apresentada por todas as redes de televisão. Tudo isso não acontece por acaso. É tudo a propósito. É tudo de caso pensado.
Mas não é só a televisão que serve de instrumentação para a dominação. Ela é a arma mais perigosa, por ser mais poderosa, e a que causa maiores danos à capacidade crítica das pessoas. Também outros segmentos da sociedade padecem de ações significativas e afirmativas de desenvolvimento social como a péssima qualidade da educação oferecida, tanto pelo setor público quanto pelo setor privado, apesar da propaganda enganosa que se realiza, principalmente quanto à "qualidade" deste setor. Com o setor da saúde acontece fato semelhante. Nos demais setores ocorrem situações análogas, infelizmente.
Enquanto isso tudo acontece, os gestores dessa nossa sociedade, gestores públicos e privados, representantes populares nas casas legislativas, o judiciário, enfim, todos os gestores, estejam onde estiverem, não dão nenhuma satisfação à sociedade brasileira. São subservientes da chamada "ordem mundial" vigente. Isso tudo acontece, via de regra, porque a população brasileira não possui senso crítico apurado, com capacidade para raciocinar e exigir respeito por não cumprirem os mais básicos direitos consagrados na nossa constituição.
Na atualidade quem exerce o papel de agente dessa dominação é o sistema capitalista de produção. O principal defensor desse sistema é os Estados Unidos da América, que também é o implementador das ações relevantes e prioritárias, a nível global, para que se possa estabelecer a desejada pax americana, isto é, fazer com que a opinião pública mundial comporte-se de maneira semelhante ao comportamento da opinião pública norte americana, comportamento este necessário para consolidação da hegemonia econômico/financeira do capitalismo, a qual se configura como objetivo principal desse processo de dominação.
Hoje, a população mundial em geral encontra-se refém de um aparato tecnológico gigantesco, com comunicação em tempo real em todos os níveis, a privacidade das pessoas não existe, a net é mundo de ninguém, não se tem respeito por nada nem por ninguém. A mídia faz e desfaz. Transforma grandes mentiras em grandes verdades. Consegue desconstruir uma verdade, tornando-a motivo de risos.
A população não precisa pensar. Só precisa ver, assistir. Não tem sido sujeito da ação. É agente passivo, espectador. Afinal as imagens encontram-se disponíveis e o que precisa ser pensado está dito pelo áudio que sempre diz a forma que a edição das imagens desejam que as pessoas vejam e ouçam. A cada dia que passa somos cada vez mais números de estatísticas que só servem para nos segmentar, para conhecerem nossos perfis, extrair de nós nossos mais impensados desejos e transformar-nos em nichos de mercado para alavancarem seus mirabolantes planos de marketing.
Um forte abraço.
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